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Sensível, poético e contestador, "As cores de Escravidão", de Ieda de Oliveira, mostra a nova face do trabalho escravo no Brasil


Nós, brasileiros, comumente nos iludimos a acreditar que a escravidão encerrou-se no país no século 21, após o sancionamento da Lei Áurea, em 1888. A obra de Ieda de oliveira desconstrói todo esse conto utópico e nos mostra em 96 páginas, que a escravidão humana ainda é um problema muito atual no Brasil.


O conto apresentado em "As cores da escravidão" nos mostra a história de Tonho, uma criança interiorana que sem condições de estudar decide sair de sua cidade natal atendendo um chamado para trabalhar em outro local. Iludidos, Tonho, seu amigo João e mais algumas dezenas de homens, são levados para terras distantes, tratados com indigência e forçados ao trabalho escravo.


Com uma narrativa em primeira pessoa, Ieda de Oliveira consegue expor na dose certa uma visão infantil dos fatos sem transformar o livro em algo fantasioso beirando o ridículo, sempre usando a sensibilidade para tornar a história mais envolvente e realista.


Na 1° edição do livro (lançado pela editora Champagnat em 2013), cada capítulo é contemplado com uma Ilustração de Rogério Borges, que usa de maneira singular, citações e referências da história para retratar perfeitamente cada fase da trama, uma espécie de arte do inconsciente.



Apesar dos capítulos finais fugirem do tema principal discutido no livro (Alternando a atenção da história para a mudança de vida do personagem principal) e a poesia excessiva acabar transformando uma trama realista em algo meloso e um pouco sonolento, "As cores da escravidão" é uma obra plausível e sem dúvida, recomendável a todos que procuram uma leitura rápida, com uma linguagem juvenil mas que agrade a todos os públicos, de forma a abrir os olhos a um assunto delicado e de extrema relevância como o trabalho escravo no Brasil contemporâneo.



Comentários

  1. Sua resenha nos convida a ler o livro. Parabéns pelo texto. Desejo a você muito sucesso em sua trajetória.

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