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Semana 36 sem Elis - Os espetáculos de Elis

Em cada momento de sua carreira, Elis demonstrou perfeccionismo, fosse nas rádios fosse nos discos. Nos palcos também não era diferente.
Desde suas pequenas apresentações no Bottles, até suas apresentações em ginásios, Elis se entregava aos palcos como ninguém.
Sempre original e atenta aos mínimos detalhes, Elis criou, em vida, produções artísticas e espetáculos de grande sucesso de público e crítica.

Os shows no beco
Os shows no beco das garrafas podem ser considerados os primeiros espetáculos de Elis. Apesar de não ter tanta produção se comparado ao seus outros espetáculos, foi no beco que Elis ganhou grande visibilidade na cidade carioca. No palco, Elis cantava de tudo: Desde bossa-nova até samba e jazz. 
Com os shows da pimentinha, Miele e Boscôli viram seu negócio crescer significativamente, tornando o Bottles um sucesso das noites cariocas.




O fino da bossa

Logo depois da histórica apresentação no I Festival de Música Popular Brasileira, a pimentinha passou a ser sondada pelas maiores emissoras de TV, para participar e apresentar programas e especiais. O primeiro de seus sucessos televisivos veio em 1965, com o “Dois na Bossa”.

No palco, Elis apresentava o programa ao lado de seu amigo Jair Rodrigues. No formato de um show, o programa revezava apresentações de Elis e Jair com a apresentação de outros artistas que ficaram muito conhecidos graças ao programa e deu popularidade a grandes compositores e músicos de MPB.
Elis no "Fino da bossa", e ao seu lado, como convidado, o consagrado Lupicínio Rodrigues.

Junto o grupo Zimbo Trio, Elis e Jair cantavam animadamente canções de jazz, MPB, samba e Bossa nova. A apresentação da dupla era sempre a hora mais esperada do programa. O programa, que era voltado para o público mais fino e intelectual, fez tanto sucesso que deu origem a um LP de grande vendagem. Com grande faturamento e um sucesso de crítica, O fino da bossa consagrou Elis como uma das maiores vozes da música brasileira.





Falso Brilhante
Já consagradíssima no mercado fonográfico e com uma trajetória incrível, em 1975 Elis arquitetou um espetáculo onde contaria toda a história de sua carreira até ali. 
Para ambientar toda a história de sua vida artística, Elis escolheu o circo, utilizando elementos do mundo circense na cenografia e na montagem do show. Não haveria ambiente melhor para apresentar a vida de uma artista tão completa como Elis Regina.

Com canções como “Velha Roupa Colorida”, “Como nossos pais”, (ambas do cantor e compositor Belchior, que ganhou popularidade após as gravações de Elis com suas letras), “Fascinação”, “Quero” e muitos outros clássicos, O Falso Brilhante foi um sucesso de público e crítica, tornando-se um dos espetáculos mais rentáveis do Brasil, entrando para a história da música brasileira como um dos mais importantes espetáculos da MPB.
















Transversal do Tempo
Um dos shows que mais mostra a presença da arte de Elis na luta contra o regime militar, foi outro grande espetáculo de Elis. Além da relação com política, o espetáculo também envolvia discussões sobre sociedade e discussões que até hoje se mantém atuais.

Com músicas como “Deus lhe pague”, “Cartomante”, “Sinal fechado” e outros, boa parte das composições mostrava críticas que batiam de frente com a ditadura militar. Em transversal do Tempo, Elis mostrava sua enorme potência vocal, utilizando canções que mostra a dimensão e a qualidade de sua voz. Com uma cenografia e uma caracterização muito bem trabalhada, Transversal do Tempo foi uma das turnês de menos duração de Elis. Logo depois, viria a turnê “Essa Mulher”.










Essa mulher

Em 1979, após o lançamento do disco “Essa mulher”, Elis organizou uma série de shows em todo o Brasil, uma turnê de nome homônimo.

Com uma cenografia despreocupada e dirigida por Oswaldo Mendes, o show tomou estrada, levando a voz de Elis para cidades do interior de São Paulo e outras cidades Brasil afora.
Vestida num marcante vestido rosa, com uma orquídea nos cabelos (a flor acabou se tornando a marca do show) e de cabelos longos, Elis interpretou pra dezenas de cidades, canções do disco novo, além de alguns sucessos antigos também, como “Conversando no bar” e “A comadre”. Do disco novo, canções como “Agora tá”, “Cai dentro”, “Eu, hein rosa!” e a canção que dava nome ao espetáculo, “Essa mulher”.
Nesse show, Elis estava mais leve nos palcos, mais entregue às músicas. Elis sendo Elis. Assim como o disco, o show também foi um sucesso de público e de crítica.







Saudade do Brasil
Com a missão de contar um pouco da história e da sociedade brasileira, Saudade do Brasil foi mais um grande sucesso de Elis. O show, que estreou no canecão, Rio de Janeiro, contava com 25 pessoas no palco: 13 bailarinos, 11 músicos e Elis.
Em Saudade do Brasil, Elis interpretava canções como “Alô, Alô, marciano”, “Maria, Maria”, "Moda de sangue", "Marambaia" e "Canção da américa".
O show, que foi encomendado pela casa de espetáculos, foi mais um sucesso de crítica e público na carreira de Elis, chamava a atenção pela originalidade das músicas e apresentações. Meses depois de sua estreia, um disco de nome homônimo ao espetáculo foi lançado pela gravadora Warner. Assim como o show, o disco teve uma boa vendagem e fez muito sucesso.









O Trem Azul
O último de seus espetáculos, o Trem azul foi um show criado por Elis em 81, ano anterior à sua morte. O espetáculo, dirigido por Fernando Faro, tentava passar a ideia de que Elis era uma estrela de TV, e suas apresentações revezavam-se em meio à vinhetas de programas televisivos. Elis levou seu espetáculo à diversas cidades do país. Em todas, o show foi um sucesso.

Entre as canções escolhidas por Elis para serem interpretadas no show, estavam presentes sucessos de seu último disco, “Elis”, de 1980. Músicas como: “Aprendendo a jogar”, de Guilherme Arantes, “O medo de amar é o medo de ser livre”, de Beto Guedes, “Me deixas louca” “Se eu quiser falar com Deus”, de Gil, O que foi feito devera (de vera)”, de Milton Nascimento, e a canção que dá nome aos espetáculo, “O Trem Azul”, de Lô Borges e Ronaldo Bastos, marcaram as últimas apresentações da vida de Elis.

No seu último show, Elis estava mais entregue ao público. No palco, Elis fazia questão de mostrar mais interação com a plateia e os músicos.
Por não haver praticamente nenhum gravação em vídeo, o show se tornou uma lenda da música popular brasileira, fechando com chave de ouro uma carreira tão genial e completa como a da pimentinha.








Bônus: Paris, Montreux e London

Com já citei em um dos textos, Elis não se limitou apenas à cantar para o Brasil. Quando viu que podia atingir públicos maiores, alçou voo e levou sua voz para países internacionais. Sua primeira investida na carreira Internacional foi em Paris, na França. Lá, Elis chegou a cantar na mais importante sala de espetáculos de Paris, o Cinema Olympia. Em suas bem sucedidas apresentações na França, Elis cantou Bossa-nova, MPB e Jazz, levando representatividade a música brasileira aos Parisienses.

No ano seguinte, em 1969, Elis levava sua voz à Londres, onde gravaria um disco com o renomado maestro Peter Knight e sua orquestra. O disco, que recebeu o título de “Elis Regina in London”, teve boa vendagem tanto no Brasil quanto lá fora. Uma curiosidade interessante, é que o disco gravado em Londres só foi lançado em 1982, após seu falecimento.


Outra apresentação que merece ser lembrada aqui é a histórica participação de Elis no 13° Montreux Jazz festival. No show, Elis canta alguns de seus maiores sucessos, além de alguns clássicos da música brasileira, como “Asa Branca” e “Garota de Ipanema”. A apresentação de Elis ganhou destaque no festival daquele ano.

O show não foi aprovado por Elis para ser lançado no Brasil, mas não teve jeito. Em 1982, o show, que hoje pode ser facilmente encontrado na internet, teve sua gravação lançada em disco pela gravadora Elektra Records.



É interessante perceber que, apesar de algumas músicas se repetirem em diferentes espetáculos, em cada espetáculo, era criado um contexto diferente, para uma Elis Regina diferente, a mesma artista, em jeitos, gestos e interpretações diferentes.


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