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Semana 36 sem Elis - O dia em que perdemos nossa maior cantora


Há 36 anos, o país parou. “Perdemos nossa maior cantora” anunciou o Jornal da Tarde naquele dia.
Uma onda de comoção tomou o país. Aos 36 anos de idade e 23 anos de carreira, havia sido encontrada morta naquela manhã, Elis Regina Carvalho Costa. Elis deixava sua mãe, dona Ercy; seu irmão, Rogério; seu pai, Romeu; Seu namorado, Samuel Mcdowell; e três filhos: Maria Rita e Pedro Camargo, ambos de seu segundo casamento, e João Marcelo, do primeiro casamento.


Elis foi encontrada morta por seu namorado, que foi atrás dela após receber uma ligação da mesma, cansada, afirmando que não havia conseguido dormir aquela noite. Enquanto conversava com Samuel, Elis passou a balbuciar enquanto falava, e assim, para desespero de Macdowell, a voz foi sumindo do telefonema aos poucos, até silenciar por completo.
Ao chegar no apartamento, Samuel tentou, abrir a porta do quarto de Elis. Sem sucesso, Samuel arrebentou a tranca, se deparando com Elis, já desfalecida, deitada em sua cama.
Desesperado, Samuel tentou levá-la ao hospital mais próximo, mas não teve jeito. A morte da cantora foi confirmada após a chegada no hospital das Clínicas. Elis Regina, aquela mulher que se entregava aos palcos como ninguém, a artista de interpretação, voz e alma férvida e ativa, estava morta. O Brasil chorava a morte de seu maior ídolo.

No laudo médico constou que Elis foi vítima de uma overdose, após a mistura de remédios, cocaína e álcool. 
“Isso é absolutamente irrelevante, isso é absolutamente inoportuno, e acho que nós deveríamos nos contentar com o que Elis pôde proporcionar a todo mundo e respeitar a pessoa dela agora” Declarou Mcdowell.

Para demonstrar todo seu amor à pimentinha, São Paulo parou para dar o último adeus à Elis. Em seu funeral, organizado no teatro bandeirantes no mesmo dia de seu falecimento, passaram amigos, familiares e toda uma legião de fãs que Elis conquistou com sua garra, sua coragem e seu talento.


Uma imensa fila formou-se na entrada do teatro onde estava o corpo da cantora. Todos queriam vê-la pela última vez.

Estima-se que, passaram-se 15 mil pessoas pelo teatro bandeirantes ao longo do funeral, que durou uma madrugada inteira até a manhã do dia seguinte, quando o corpo seguiu até o cemitério do Morumbi, em São Paulo. Ao som de “Está chegando a hora”, cantado pelos fãs presentes, o corpo de Elis se despediu do teatro Bandeirantes, palco de seus maiores espetáculos.  Uma das cenas mais emocionantes de todo o funeral.
O corpo de Elis foi colocado num caminhão do corpo de bombeiros, onde percorreu por mais de 15 km, umas das avenidas mais movimentadas de São Paulo. Milhares de fãs caminharam ao lado do caixão, demonstrando uma dor e um luto que não se encerraria ali.



Em todos os cantos da cidade, pessoas paravam, acenavam, choravam e se despediam da gaúcha de Porto Alegre, que com sua personalidade marcante conquistou, não só o Brasil mas o mundo. Pela imensidade de Elis, não poderia ser diferente.
À tarde, o caixão chegou ao cemitério, onde centenas de fãs já esperavam desde o começo do dia.  Elis foi ovacionada por todos que ali estavam presente, encerrando ali, uma trajetória que ficaria marcada pra sempre na história do Brasil.

Ao lado de Elis, em 84 foi enterrado seu pai, e, anos mais tarde, seu irmão Rogério.


Mesmo após semanas, jornais, revistas e programas de TV ainda comentavam em massa sobre o falecimento de Elis Regina. 







Em um desses jornais, estava um texto que me chamou muito a atenção, do histórico cartunista Henfil, divulgado alguns dias depois da morte de Elis, no qual Henfil narrava uma mensagem direta à cantora. Na carta, é possível perceber a tristeza, a melancolia e o desespero exibidos nas palavras de Henfil. o texto fala sobre os supostos motivos que levou Elis a se afogar em remédios e álcool, levando-a à morte:


Elis não morreu, Elis virou lenda. Apagou-se uma luz e acendeu-se uma estrela. Seu sorriso que prende, inebria e entontece agora se abre lá em cima, como uma estrela. agora Elis é uma estrela.



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