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Semana 36 sem Elis - Especial Elis Regina Carvalho Costa


Em 1980, A Rede Globo, aproveitando o momento de grande agitação na música brasileira, impulsionada pelo surgimento de novos nomes e novos estilos, lançou o especial “Série Grandes Nomes”, que nada mais era que uma série de programas, exibidos mensalmente, que exibia shows dos mais diversos artistas, cada um com seu estilo. O programa aproveitava a diversidade musical que chegava no país e apresentava de tudo: Desde a Bossa-nova de João Gilberto, até o Rock nacional de Rita Lee. Nos dias de hoje, o programa é considerado um clássico, e os shows são uma raridade.
Entre tantos outros artistas hoje consagrados, Elis foi uma das escolhidas para representar a MPB no programa. O programa com Elis foi um sucesso de audiência.


Como hoje não existem muitos registros das apresentações de Elis nos palcos, o show, disponibilizado em DVD depois de muitos anos de sua exibição original na TV, se tornou uma salvação para os fãs mais novos, que não teve a chance de assisti-la nos palcos.


Já consagradíssima no merca fonográfico, Elis deu um show em cena. No especial, que recebeu o nome de “Elis Regina Carvalho Costa” (assim como os outros shows recebiam o nome completos dos respectivos artistas que atuariam naquela noite), Elis canta suas mais famosas canções.

Elis passeia entre os sucessos de sua carreira, desde seu reconhecimento no primeiro Festival de música popular Brasileira (com a citação de "arrastão" na abertura do programa) até seu último disco, “Elis”, lançado naquele mesmo ano da exibição do programa.


Grandes composições de Gilberto Gil, Milton Nascimento, e Ronaldo Boscôli ganharam destaque no show. Raras vezes Elis se entregou tanto aos palcos como aconteceu nesse show.

Umas das apresentações que mais chama a atenção no especial é a interpretação de “Atrás da Porta”, de Chico Buarque. Enquanto canta, Elis dá vida a música de uma maneira indescritivelmente incrível. A música que narra a separação de um casal, recebe a caracterização e a interpretação emocionante que só Elis consegue passar para uma canção. Elis não apenas canta a música, mas encarna a letra, engole a melodia e os versos, enquanto interpreta o drama da separação. Uma das melhores e, sem dúvida, a mais emocionante apresentação de toda a série. 


Na faixa seguinte, Elis canta “Cadeira Vazia”, de Lupicínio Rodrigues. A canção, que me passa a leve impressão de tentar entrar no enredo da música anterior (levando em consideração o fato de que, as histórias de ambas canções se encaixam, como se narrassem uma trajetória), narra a volta de alguém que se arrepende de ter ido embora, voltando para os braços de seu cônjuge. É outra apresentação incrivelmente emocionante que recebe os merecidos aplausos da plateia presente no show.


Outra faixa que merece destaque é "Essa mulher". Com uma melodia melancólica, a letra de Ana Terra e Joyce narra a vida pacata de uma senhora que se divide entre a vida doméstica, a maternidade, o casamento e a vida de artista. Segundo Elis, em entrevistas dadas antes do show, “Essa Mulher” é uma com a qual ela se identificava bastante, e isso claramente a ajudava na interpretação da canção. Elis simplesmente era Essa Mulher, que vivia a dor tão bonita de ser cantora e ser artista.


Em “Alô alô, Marciano”, letra de Rita Lee, Elis narra uma conversa com o ser que vive em Marte, contando tudo o que está acontecendo no mundo e ao seu redor, e, no refrão, a pimentinha mostra, de maneira caricata, o quanto está cada vez mais down, a High Society. Mergulhada na maluca (e genial) letra de Rita, Elis interpreta uma canção que cai muito bem aos dias de hoje.
Em todos os programas da série, cada artista tinha direito a escolher um (ou mais) convidados especiais para acrescentar ainda mais nos espetáculos. Elis escolheu seu (até então) marido, César Camargo Mariano.
“Eu escolhi pra me apresentar, pra me acompanhar, pra que vocês conhecessem melhor o trabalho, um dos músicos que mais me entendeu, que mais me compreendeu nessa vida longa de 20 e poucos anos de cantar por aqui e por ali... César Camargo Mariano” Assim, Elis justifica sua escolha.

Depois da entrada do convidado, Elis dá um show de récita vocal com “Rebento”, de Gilberto Gil, lançada no seu último disco, “Elis”, de 1980. Como um trovão dentro da mata, Elis mostra toda sua potência vocal nessa apresentação ao som do piano de César.



Para encerrar o incrível espetáculo com chave de ouro, Elis escolheu a canção de Gonzaguinha, “Redescobrir”, lançado no álbum “Saudade do Brasil”. Elis convida ao palco dançarinos amadores, e, como se fora brincadeira de Roda, Elis faz um grande círculo em volta do palco. Com todos, incluindo a plateia, brincando numa grande brincadeira de Roda, Elis encerra o grande espetáculo.


Além destas canções citadas, Elis nos contempla com outros sucessos como “Conversando no Bar”, “Fascinação”, “Agora tá”, e “Aquarela do Brasil”. Em todas as faixas, uma interpretação diferente, um jeito original e genial de cantar e de interpretar uma canção. 
Apesar da injusta omissão de outros sucessos inesquecíveis de Elis, como “Trem Azul” e “Aprendendo a jogar”, O especial, que hoje pode ser facilmente achado na internet completo, ainda pode-se considerar umas das maiores pérolas da TV brasileira. Um verdadeiro tesouro para os amantes da arte e da interpretação da pimentinha.






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